Retrofit: Saiba Tudo Sobre Essa Técnica

4 de novembro de 2022 Equipe Amanco Wavin

Retrofit: Saiba Tudo Sobre Essa Técnica

A Europa é chamada de velho continente e não é à toa: são milhares e milhares de anos de história. Por mais que, obviamente, as edificações sejam muito mais recentes, não dá para dizer que uma casa com quase 1000 anos é jovem, não é mesmo? Pois a casa de madeira mais antiga do mundo ainda em funcionamento já comemorou seu 900º aniversário — e a  partir dela se seguem inúmeras construções.

É claro que os prédios das grandes cidades são mais modernos que isso, mas basta ver uma foto de Paris ou de Roma para se deparar com edifícios bastante antigos e igualmente charmosos: não é atoa que foi na Europa que nasceu o retrofit. Nesse artigo você conhecerá mais sobre essa técnica que se tornou uma grande solução para a construção civil. Boa leitura!

O que é retrofit

Uma coisa é certa: um prédio velho não “desaparece” simplesmente porque a sociedade evoluiu e procura por habitações mais modernas. Além disso, seria uma lástima para a história, e também para a arquitetura, que as edificações antigas fossem todas substituídas — isso sem falar nas questões de sustentabilidade.

O retrofit foi uma técnica criada justamente para atender a essa demanda: a de proporcionar o aproveitamento de edificações antigas, otimizando suas funcionalidades e readequando as instalações sem alterar a estrutura original. 

O conceito da palavra vem da junção dos termos “retrô”, que está relacionado ao que é antigo, e “fit”, utilizado para simbolizar a boa forma. “Colocar o antigo em forma” é o significado e o objetivo da técnica.

Para que serve o retrofit

Toda edificação tem uma vida útil, afinal, tanto os materiais utilizados quanto, principalmente, as instalações, sofrem com os efeitos do tempo: seja pelos danos ou, ainda, pela defasagem. Mas como já dissemos no tópico anterior, seria totalmente insustentável que todos os prédios fossem demolidos após uma certa idade, além de um enorme prejuízo histórico. 

O retrofit foi a solução encontrada pela construção civil para consertar edificações, especialmente as que estão no fim dessa vida útil: naquele momento em que os custos de operação e manutenção se tornam cada vez mais elevados.

Os principais objetivos da técnica são:

  • corrigir problemas de infraestrutura preservando os elementos arquitetônicos;
  • atualizar as instalações;
  • adequar a construção e as instalações às legislações vigentes e normas de segurança;
  • utilizar novas tecnologias para modernizar o edifício e trazer mais conforto aos usuários, facilitar a manutenção e reduzir os custos;
  • aprimorar a eficiência energética;
  • valorizar o edifício em termos financeiros;
  • revitalizar a estética preservando as principais características;

Além disso, vale lembrar que, no caso de construções abandonadas, a revitalização ajuda a valorizar toda a área adjacente, afinal, um prédio abandonado e deteriorado pode trazer prejuízos, inseguranças e até mesmo riscos de desabamento. 

Qual é a diferença entre retrofit e reforma

A principal diferença entre uma reforma e o retrofit é a preocupação que existe, nessa segunda técnica, de manter as características originais da edificação, o que exige um nível de análise e atenção aos detalhes ainda maior. 

Por causa disso, é uma ilusão pensar que um projeto com base no retrofit sai mais barato que uma reforma só porque conta com “reaproveitamento”. Toda a mão de obra envolvida, desde projetistas, arquitetos e engenheiros até os profissionais executores, precisam ser especializados, entender as exigências e tomar muito cuidado com a preservação das estruturas que devem ser mantidas. 

É preciso, ainda, saber estreitar a visão e pensar fora da caixa para entender qual é a melhor maneira de adequar as soluções modernas aos conceitos originais, o que não é tão simples quanto pode parecer. Por isso, é fundamental que todo o projeto seja concebido em conjunto por profissionais de diferentes áreas: arquitetos, engenheiros e até mesmo restauradores precisam reunir seus pontos de vista para encontrar as melhores soluções. 

Projeto de Retrofit: etapas práticas

Depois da elaboração do projeto, é hora de colocar a mão na massa — com muito cuidado e atenção. Por isso, existem algumas etapas que devem ser seguidas. É claro que, não necessariamente, os projetos contam com todas elas: pode ser que nem tudo precise ser revitalizado, depende da idade do edifício e do seu estado de conservação. 

De maneira geral, as fases práticas do trabalho com retrofit são as seguintes:

Demolição controlada

Também conhecida como demolição retrofit, a demolição controlada é a etapa inicial do processo porque nela são removidas cuidadosamente todas as partes que serão alteradas, preservando-se a estrutura.

A atenção a essa etapa é crucial para o desenvolvimento de todo o projeto, e o que será demolido depende diretamente das alterações que foram previstas. O mais comum é que sejam removidas as instalações hidráulicas e elétricas e equipamentos antigos, como elevadores. 

Dependendo da necessidade, são retiradas também esquadrias, revestimentos de piso e até mesmo paredes inteiras para sua reconstrução. A regra, aqui, é manter o trabalho alinhado ao objetivo do retrofit: manter a estrutura. Por isso, a demolição deve ser estritamente controlada.

Reforço estrutural

Não é porque a estrutura será mantida que ela não precise ser reforçada. Os materiais estruturais, afinal, também sofrem os efeitos do tempo, o que torna a construção insegura. Essa etapa pode ser realizada de diferentes maneiras, dependendo da visão do engenheiro responsável pelo projeto. 

Algumas formas conhecidas são: a inserção de chapas de aço, o reforço com fibras de carbono e a realocação das armaduras, tudo isso realizado por dentro do concreto para melhorar a saúde da edificação, resolvendo as patologias da construção civil que podem aparecer ao longo dos anos. 

Mais uma vez, é importante se ater ao principal objetivo do retrofit e reforçar a estrutura sem alterá-la. 

Modernização das instalações

A modernização das instalações do edifício é uma etapa que, na verdade, transita entre todas as outras, já que faz parte dela tanto questões que vão por dentro quanto por fora das paredes. 

Enquanto as instalações hidráulicas e elétricas são realizadas ainda antes da etapa do fechamento (ao menos em grande parte dos casos. Aproveite para ler também o nosso artigo sobre instalação elétrica aparente), outras acontecem depois, como a colocação de ar condicionado e fiação de telefonia. 

Fechamento/Vedação

A etapa do fechamento no retrofit é bastante semelhante à de uma reforma convencional ou mesmo de uma obra original. Consiste na colocação (ou recolocação) das paredes que vedam as estruturas. 

Revestimentos

Substituição ou revitalização dos revestimentos de pisos e paredes, de acordo com a necessidade. Nesse caso, e dependendo das especificidades do projeto, pode-se ou não alterar a estética e os tipos de materiais utilizados. 

Fachada

Outra etapa que deve ser realizada com extremo cuidado em um projeto de retrofit é a revitalização da fachada, alterando o mínimo possível para que as principais características do prédio sejam mantidas. 

O estudo precisa ser rigoroso, assim como o acompanhamento da execução, para que os aspectos arquitetônicos da fachada, que traduzem a essência da estética da obra original, não sejam modificados.

Exemplos de retrofit no Brasil

Conheça duas edificações clássicas do Brasil que foram restauradas por meio da técnica do retrofit:

Edifício Galeria, Rio de Janeiro

Uma das construções de destaque do centro do Rio de Janeiro, o Edifício Galeria é da década de 30 e foi revitalizado entre os anos de 2009 e 2011. O objetivo era que ele pudesse passar a receber escritórios de grandes empresas para se tornar um dos mais importantes prédios corporativos da cidade.

As características arquitetônicas, é claro, deveriam ser mantidas para preservar a referência histórica tão característica. As funcionalidades foram otimizadas por meio da substituição de toda a parte elétrica e da instalação de equipamentos de primeira linha. 

Além disso, a edificação passou pelo reforço estrutural e teve sua fachada restaurada. 

Pinacoteca de São Paulo

O case de retrofit da Pinacoteca de São Paulo é um dos mais famosos no país. O prédio, que data do final do século XIX, já havia passado por diferentes fases e intempéries — inclusive o abandono.

A edificação foi toda restaurada e otimizada, e hoje o espaço se tornou um dos grandes pontos turísticos da cidade. Um grande destaque entre as escolhas do projeto são os telhados de vidro que permitem a entrada de iluminação natural no ambiente.

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